Ah as Nakeds, sonhos de consumo derivados diretamente das esportivas, porém plenamente possíveis de se realizar e um tanto mais acessíveis.
São marcadas pela simplicidade de seus traços e concepções mais “depenadas”. A primeira coisa que se nota ao compara-las com as esportivas é a ausência de carenagens, que levaram a denominação delas como literalmente peladas, ou formalmente “Nakeds”.
No entanto, essa característica não deixa as peladinhas menos interessantes ou em desvantagem em relação as suas primas mais “vestidas”, em regra, oferecem motores igualmente sofisticados e potentes, levando vantagem ainda em relação a versatilidade, capacidade de manobras, conforto/posição de pilotagem, manutenção e preço. Daí a relação custo benefício, porquanto as Nakeds são mais práticas no uso diário e em ambientes urbanos.
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Ducati Monster 900 - 1993 |
Esse é justamente o ideal original dessas motos, inspiradas em movimentos urbanos iniciados na Europa, em que eram removidas as caras carenagens de motos esportivas de modo a adapta-las para o uso competições urbanas, streetfights, aumentando suas capacidades de manobras, além de diminuir o custo de manutenção, de eventuais quedas. As pioneiras em oferecer motos de fábrica no estilo foram a Ducati com a Monster 900 lançada em 1993 e a Triumph com a sua SpeedTriple 900 de 1994.
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Triumph Speed Triple - 1994 |
Já no Brasil, uma boa referência
na categoria é a Hornet 600. Foi a queridinha
Nacional por um bom tempo e, apesar de não ter sido a primeira naked no País,
foi a responsável por desencadear a paixão e a popularidade do gênero por aqui,
desde a sua estreia em 2004. Ainda é a minha preferida, em sua segunda versão
comercializada no Brasil, entre 2008 e 2011.
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Honda
CB 600F Hornet - 2008 |
Nesse Modelo foi precursora em visual por aqui, responsável pela alteração e atualização nos designs da categoria desde o seu lançamento. Além do inédito painel misto(analógico e digital) e suspensão dianteira invertida, tinha linhas ousadas e agressivas nunca antes vistas em nakeds no país, até então clássicas. Toda a tecnologia emprega somada ao design inovador e mais dinâmico, possibilitou a quebra da barreira dos 100cv para as 600 cilindradas da época, que a partir de então passaram a ser cada vez mais apimentadas.
A Hornet modelo 2008 vinha equipada com uma versão adaptada da motorização da sua prima esportiva, a CBR600RR, com a injeção eletrônica, que possibilitava a produção de 102cv e 6,53 Kgf.m de torque a 10.500 rpm, que ela atingia fácil. O design, sem comentários, pra mim era perfeita, muito mais bonita que a última versão comercializada, tanto na dianteira, quanto na questionável rabeta, que eu adorava. A moto era incomparável, mesmo em relação a sua última versão.
Apesar da aposentadoria da Hornet em sua versão 2012, o seu legado ainda permanece vivo com a sua irmã mais velha, mais potente e de visual igualmente agressivo, a CB 1000R gera incríveis 125,1cv e um torque de 10,1 Kgf.m, além de conservar os traços característicos da família. É uma herdeira mais que digna.
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Honda CB1000R -
Modelo comercializado
atualmente. Versão barraqueira, hahaha, Barracuda! |
Outra moto que merece destaque na
categoria é a kawabanga Z750, digo a
Kawasaki. A “Z” desembarcou oficialmente no País em meados de 2009, com o
retorno da Marca ao Brasil. Na época, foi introduzida
com intuito de papar uma parcela do mercado, até então dominado pela Hornet e
suas outras concorrentes, a FZ6 e a Bandit 650.
A moto não devia nada as rivais, era a própria “Ninja” das peladas, o
visual e o design são atuais ainda hoje, pouco modificados na versão Z800 que a
sucedeu. Seu propulsor oferecia 106cv de potência, além de um vigoroso torque
de 8,0 kgf.m, que a projetava de 0 a 100 em 4,3 segundos, justificando as suas
150cc extras. Apesar de menor, o seu desempenho era digno das Mils.
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Kawasaki Z750 |
A estratégia da Kawa funcionou, e
ademais do preço mais salgado, a Z750 conseguiu se firmar entre as Nakeds mais
vendidas, justificando a vinda da sua irmã mais venenosa ao nosso mercado, a Z1000.
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Kawasaki Z1000 - Modelo 2010 |
A moto entrou no mercado em 2010,
também como parte do processo de reintrodução da Marca. Na versão, oferecia 138cv
e um torque de 11,2 Kgf.m, o visual era característico da família Z, marcado
pela robusta e destacada dianteira da moto que dava impressão de que fora toda
construía sob apenas uma roda, sendo o restante da moto apêndices de seu
volumoso corpo. A curta rabeta e assento pareciam estar lá apenas como um favor
aos condutores, para que tivessem como se agarrar aquele motor.
A Z1000 é comercializada atualmente em sua
versão “Mascarada”. Aprimorada, passou a produzir 142cv e 11,3 kgf.m
de força.
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Kawasaki Z1000 - Modelo Atual "Mascarada" |
O mercado visado pela
Kawasaki, quando trouxe a Z1000, era um pouco mais ambicioso, porém menos
concorrido que o das nakeds médias, intencionavam tomar a coroa de outra Naked
que, até então, reinava praticamente sozinha no seguimento, “Say hello to my little friend”, a Suzuki Boost King, ou para os íntimos apenas
B-King.
Apertem os cintos, ou melhor,
coloquem o capacete, segure-se quem puder e preparem-se para decolar! Não há
como esperar menos da naked derivada da Hayabusa(da), e essa tamanha moto, de tamanho
legado, tamanho motor e tamanhos ESCAPES, corresponde a cada expectativa. Não é
outra a palavra que define a B-king se não a grandeza, exagerada em todos os
aspectos, com um de comprimento de 222cm e pesando todos os seus 225 kg, gera nada
menos do que 184cv e uma monstruoso torque de 14,89 Kgf.m, em sua versão atual,
possibilitando que ela atinja a velocidade final de 270 km/h. Há quem diga que
supera essa velocidade, ademais de toda a falta de proteção aerodinâmica.
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Suzuki GSX 1300 B-King |
Apesar de tudo isso, a condução
da grandona não é prejudicada, possui dois modos de pilotagem (S-DMS – Suzuki
Drive Mode Selector ou Seletor de Modo de Condução da Suzuki), uma agressivo e
outro amansado, a escolha e necessidades do condutor, além de quadro
desenvolvido exclusivamente para ela, que lhe garante as vantagens de pilotagem
características das nakeds. Do design, não há o que se falar, único e de
bastante personalidade, que lhe permite uma longevidade comercial de aproximadamente
8 anos no mundo. Destaque para as suas mega ponteiras de escapamento,
característica mais marcante e extravagante de seu visual, a própria assinatura
do modelo.
Para encerrar os trabalhos e não menos
importante, vamos finalmente falar das nervosas produzidas pela Yamaha. Ademais
da XJ6 ser a representante oficial da marca no seguimento, assim como preferi
deixar de falar da Suzuki GSR750 para falar de outro modelo da marca com que
guardo mais afeição, também prefiro falar de outras motos da Yama que tem causado
um alvoroço bem maior nos últimos tempos, a família Master of Torque, atualmente representadas no País pelas MT-07 e MT-09.
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Yamaha MT-07 (esquerda) e Yamaha MT-09 (direita) |
Pra mim, essas motos merecem cada
parcela dos holofotes que caíram sobre eles, inclusive a conquista do topo da
cadeia alimentar das nakeds em poucos meses de vendas desde suas estreias. Seus
visuais refletem a essência do conceito naked, não importa para qual modelo eu
olhe, cada uma delas me parece uma esportiva desmontada, para atender a quaisquer
necessidades que lhes sejam exigidas, seja subir meio fios, escalar escadas,
resistir a impactos, parecem até suportar saltos improváveis. Não quero dizer
que efetivamente aguentem toda essa porrada, mas parecem ser capazes de fazer
qualquer coisa, só pelo seus visuais, transmitem confiança. Se esse fosse um
critério válido, seriam sem duvida parceiras ideais para se ter em um
fantasioso futuro apocalíptico.
Um destaque engraçado desses modelos,
e que criaram praticamente uma representante para cada tipo de motor, a primeira
notável MT-03 já detinha as características visuais da família, era motorizada pelo
mesmo propulsor monocilíndrico de 660cc que ainda equipa a XT, com 48 cv e 5,95
kgm.f de torque. Cabe observar que há um novo modelo da Marca com a mesma
denominação pendente de lançamento, derivado da R3, mas deixemos para discutir as
menores cilindradas em outra oportunidade. A MT-07 externa linhas mistas de
esportiva com custom, que lembram a distante parente V-Max, mas sem perder a
característica urbana utilitária. É motorizada com um propulsor bicilíndrico de
quase 700cc que lhe proporciona 74,8cv e 6,9 kgf.m de torque. Já a MT-09, apesar de também conservar as
linhas esportivas, suas características visuais se misturam mais ao estilo
motard, sua propulsão se dá por um motor tricilíndrico de aproximadamente
900cc, que lhe rende “favoráveis” 115cv e um “tranquilo” torque de 8,92 kgf.m.
Mas a moto que me motivou a guardar o melhor para
final foi a mais nova integrante da família, a MT-10, que ainda tem futuro incerto no País.
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Yamaha MT-10 - Ainda sem previsão de para o Brasil |
O modelo não perde em questão de
agressividade em relação as suas irmãs, acho até que as supera, seus traços são
inquestionavelmente e exclusivamente esportivos, não podendo deixar de se notar
o espírito da R1 neles, a moto de que deriva, sendo não outra se não a
perceptível versão naked dela. É equipada com o motor tetra cilíndrico de 1000cc
derivado da esportiva, produzindo 160,4cv de potência e um torque de 11,3
kgf.m. Se já estava difícil não sucumbir ao “lado
negro”, com a MT-10 fica impossível resistir à tentação. Prevejo problemas à
concorrência.
Bom, o papo tá longo, e por mais
que o assunto seja inesgotável e nunca fique chato falar de motos, em verdade,
“Precisamos Falar Sobre Motos”, vou encerrar por aqui. Como me dediquei quase
que exclusivamente a Japas nesse post, fico devendo uma “Euro Trip” pra tratar
das muitas nakeds icônicas do Velho Continente que deixei de abordar, mas por
enquanto, põe na conta ae...
Julio “Jones” Dias